sexta-feira, 28 de março de 2008

EMPRESA TRANSPORTADORA NELENSE CONSEGUIU SOBREVIVER E ATÉ CRESCER APÓS O ENCERRAMENTO DA JOHNSON

É mais uma história de sucesso, contada na primeira pessoa, na sequência do encerramento do gigante Johnson Controls em Nelas. Sedeada na zona industrial (mesmo ao lado das instalações da antiga fábrica norte americana), a TRAF conseguiu dar a volta por cima, quando se deparou com a “fuga” do seu principal cliente, que representava nada mais, nada menos do que quinhentos mil euros no seu volume de negócios (cerca de 40% do total).

João Rego, detentor da totalidade do capital da empresa, é o empresário protagonista de um grande desafio, corria o ano de 2007. Natural de Santar, fundou há 5 anos, com outro sócio (Francisco Ferreira), a TRAF. Iniciaram a sua actividade com apenas 3 colaboradores e começaram por se dedicar exclusivamente ao transporte nacional, em carrinhas. Foi desde cedo que ambos detectaram no entanto inúmeras oportunidades para um crescimento sustentado da empresa, a maior das quais a prestação de serviços para a Johnson Controls. Surgiu assim a grande aposta no transporte internacional, readaptando-se toda a sua estrutura para esta vertente, nomeadamente a sua frota. Em 2007 dão-se dois rudes golpes na estrutura da empresa. Foi um autêntico “annus horribilis” que fez abanar os seus alicerces. Por um lado dá-se o falecimento do sócio fundador Francisco Ferreira, por outro com o encerramento da Johnson escapava-se uma grande fatia dos seus proveitos. João Rego adquire então a quota do seu ex sócio à sua família, e entra numa luta titânica para conseguir a sobrevivência da empresa, naquele que considera ter sido “o ano mais difícil da minha vida”.

Transporte internacional representa 90%
do volume de negócios
da empresa

Foi a forte aposta no transporte internacional que fez com que a TRAF angariasse novos clientes e intensificasse os serviços para os que tinha na altura, que permitiram não só a sua sobrevivência, mas também o seu crescimento. Borgstena, Coldkit, Total Trim, Grupo Basmad, entre outros, foram de capital importância para a empresa, que atingiu no transporte para a Europa 90% da sua facturação. Neste ano de 2008 a TRAF prevê ter um volume de negócios na ordem de um milhão e quinhentos mil euros e vir a contratar mais alguns trabalhadores, aumentando assim os seus efectivos, que actualmente são 16. A frota actual é constituída por 18 viaturas e um dos pontos chave para o sucesso da empresa é a prontidão na resposta ao cliente. Operando para um sector particularmente exigente no cumprimento dos prazos (onde o sistema “just in time” tem mais aplicação), a TRAF tem mostrado aqui uma grande competitividade.

“O sector dos transportes está a viver a pior crise
de sempre”

Ciente de que as grandes empresas da indústria automóvel querem cada vez mais um serviço integral de logística, João Rego defende um serviço integrado, até porque “apenas o serviço de transporte é muito limitativo para a nossa actividade – os clientes querem cada vez mais um serviço global, pois querem dedicar-se exclusivamente à sua actividade principal, ou seja centrar-se no seu core business”. Sobre o momento actual do sector, este empresário é inequívoco “o sector está a viver a pior crise de sempre, principalmente devido ao facto de não podermos repercutir no nosso preço o aumento sistemático do preço dos combustíveis”, isto porque “estamos num mercado altamente competitivo, onde quem está a ganhar são apenas as empresas distribuidoras de combustíveis – nós actualmente trabalhamos somente para cobrir os custos, esperando pelo momento em que as tabelas terão que ser actualizadas”.
A eventual instalação em Nelas de uma plataforma logística é vista por João Rego, como “uma grande oportunidade de Nelas se projectar na área da logística, dado que tem uma localização geográfica privilegiada para o efeito”, basta que “os empresários do sector se unam e a autarquia acolha essa ideia, que é de primordial importância para o tecido empresarial do concelho”.

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